Por que ficamos mais ansiosos com a pandemia?
Se você chegou até aqui, provavelmente está sentindo mais ansiedade com a situação de pandemia de coronavírus, ou tem convivido com alguém que está com esse problema. Até certo grau é natural sentir ansiedade em alguns momentos, mas situações de estresse contínuo e extremo como a atual podem agravar a situação e levar a problemas mais graves como a dependência química e até mesmo o suicídio. Portanto nesse texto me proponho a organizar algumas circunstâncias arranjadas pela pandemia e de que forma elas podem influenciar a ansiedade.
Desemprego e sobrecarga de trabalho
Um dos principais impactos do coronavírus na vida das pessoas foi no âmbito profissional. Com sua chegada muitos estabelecimentos precisaram fechar ou diminuir o seu quadro de funcionários, acarretando no desemprego. Com a perda de emprego insere-se um prejuízo financeiro significativo na vida da pessoa que foi desligada do seu serviço dificultando ou até mesmo impedindo o seu acesso a itens básicos como a higiene, alimentação e lazer.
Para quem não perdeu o emprego ficou a sobrecarga de serviço que também pode elevar o nível de estresse e ansiedade que apenas aumentam com o medo de perder o emprego assim como os/as colegas que foram demitidos/as.
Homeoffice
O homeoffice é um regime de trabalho em que a pessoa realiza todo seu expediente ou parte dele em casa, através de aparelhos de comunicação como o celular ou computador.
A transição improvisada com a chegada da pandemia não permitiu o planejamento cuidadoso dessa mudança, fazendo com que muitas pessoas não possuíssem a aparelhagem ou um espaço adequado para realizar suas tarefas profissionais. Isso dificulta o foco no trabalho devido a distrações como sons de casas vizinhas, chegada de entregas ou pessoas falando dentro de casa
Outra circunstância é a ausência de elementos que demarquem início ou fim do expediente, gerando dificuldades para iniciar ou acabar a jornada de serviço, gerando procrastinação (padrão em que a pessoa adia suas tarefas, muitas vezes acabando em prejuízo) ou sobrecarga, quando a pessoa trabalha nos horários em que precisa estar descansando.
Distanciamento social
Para as pessoas que moram sozinhas, o distanciamento social pode ter intensificado o sentimento de solidão, devido ao amplo período de tempo sem contato direto com outras pessoas. Apesar de servir como um paliativo, no virtual não estão presentes alguns estímulos importantes da interação social como o toque físico e o cheiro.
Para aquelas pessoas que moram com outras pessoas, o convívio contínuo e prolongado também pode ter gerado prejuízos, como aumento de desentendimentos, brigas e discussões. Nos casos de relacionamentos abusivos esse quadro pode ser ainda mais grave já que a vítima está presa com o agressor.
Outro fator importante do distanciamento social foi o impedimento do acesso a contextos importantes para manutenção da saúde mental como museus, teatros e parques, para citar poucos exemplos.
Adoecimento e morte
O contato com o adoecimento e a morte pode ocorrer direta ou indiretamente. Diretamente quando a própria pessoa fica doente ou quando testemunha o adoecimento e/ou morte de pessoas próximas.
Ocorre também de forma indireta quando alguém observa tais eventos ocorrerem com pessoas menos próximas, seja através da mídia ou por relatos de terceiros.
Além dos efeitos gerados pelo adoecimento ou pela perda em si há o risco de adoecimento e morte que também pode ter efeito de gerar ansiedade para algumas pessoas, especialmente quando já há um quadro prévio de ansiedade por doença;