Já falei aqui no meu blog sobre algumas mudanças na vida em sociedade trazidas pela pandemia de coronavírus. Para quem tem crianças em casa ficou evidente como a rotina dos pequenos e pequenas também foi afetada e gerou algumas mudanças comportamentais. Nesse post quero pontuar algumas dessas mudanças de rotinas, possíveis mudanças comportamentais e dar algumas sugestões que podem servir de forma geral para amenizar o sofrimento psicológico das crianças no período de quarentena.
As crianças, assim como nós, acabaram sendo privadas de algumas atividades de recreação como parques, cinema, teatro e museus. A retirada desse tipo de estímulos pode provocar estresse, ansiedade e irritabilidade nas crianças, que se manifesta em choros constantes, gritos e agressões em alguns casos. Outra perda importante é a dos estímulos envolvidos na ida à escola, como a interação com colegas, descobertas e acesso à educação formal presencial. Algumas famílias já observam déficits na aprendizagem das crianças nas áreas de leitura e matemática, além de déficits sociais importantes como a linguagem atrasada, timidez excessiva e ansiedade social. Podemos considerar também os casos em que há perda de entes queridos da criança, além da energia que precisa gastar para se adaptar ao uso constante de máscaras e álcool em gel nas saídas de casa. Outro fator comentado por responsáveis, é o seu próprio estresse relacionado ao trabalho em casa somado à maior responsabilidade com relação ao monitoramento das crianças, que acaba gerando distanciamento e reduzindo a motivação em lidar com as demandas da criança, apelando às vezes para um padrão extremamente permissivo, onde a criança obtém a autoridade da relação.
Eu organizei 4 possibilidades de melhorar a relação com as crianças durante a pandemia e acolher o sofrimento delas durante a pandemia.
1 – Converse muito com a criança sobre a situação
É comum a crença de que as crianças não são capazes de suportar determinadas informações e de que elas podem gerar traumas. Naturalmente, falar de forma extremamente direta e com riqueza de detalhes pode ser inadequado e aumentar o sofrimento das crianças, no entanto é uma ilusão pensar que todas as informações devem ser omitidas. A depender da faixa etária da criança, das perguntas que ela faz e da forma como ela pergunta os assuntos como tristeza, ansiedade, morte e adoecimento podem ser conversados de uma forma lúdica e adaptada. Com “lúdico”, para quem não tem tanta familiaridade, me refiro aos desenhos, brincadeiras de faz-de-conta, escrita, música, etc.
2 – Procure validar os sentimentos e mostrar que são normais
Outra crença bastante popular é de que as crianças são alegres e não têm sofrimento psicológico como ansiedade ou tristeza. Esse é outro mito. Muitas pesquisas mostram que as crianças também estão suscetíveis a quadros como a Depressão Infantil, que têm fatores orgânicos e ambientais; a pandemia pode ser considerada como um fator ambiental. Desse modo, assim como fazemos com os adultos, é importante dizer à criança que aqueles sentimentos são comuns e de que ela pode contar com você para lidar com eles.
3 – Busque ajuda para você
Muitos serviços podem ajudar a lidar com as crianças, a citar o exemplo da psicoterapia e da orientação parental/orientação de pais. A pandemia trouxe situações inesperadas e difíceis, e o apoio profissional pode ser necessário.
4 – Busque ajuda para a criança
Como comentei acima, o sofrimento psicológico diante de certos cenários é esperado para as crianças, no entanto, para quem tem condições pode ser muito útil o apoio profissional de um/a psicólogo/a ou psiquiatra de crianças.
Comente abaixo se esse texto foi útil de alguma forma e sugestões de conteúdos que gostaria de ver aqui no meu blog!
Até mais!