Popularmente o atendimento psicológico é imaginado como uma relação em que alguém estudou determinada queixa irá ensinar uma pessoa que sofre a como lidar melhor com a sua demanda, assim curando o mal do qual ela padece. Para algumas pessoas isso é visto como a esperança por uma resolução rápida dos seus problemas e para outras é visto como algo reprovável. Talvez você já tenha ouvido a frase “Eu não vou pagar um psicólogo para me dar conselhos”.
O imaginário do psicólogo como um conselheiro pode ser devido às semelhanças entre o processo psicoterapêutico com o counseling (traduzido livremente como “aconselhamento”), que é um processo breve de ajuda entre um profissional (não necessariamente psicólogo) e uma pessoa que está passando por alguma dificuldade muito específica. Embora chamado “aconselhamento” o counseling vê a pessoa que busca ajuda como ativa no seu processo de melhora e a coloca como protagonista na busca pelo melhor encaminhamento possível dos seus conflitos existenciais.
Na psicoterapia o psicólogo pode sim fazer recomendações ou sugestões, mas que isso é apenas uma dentre as diversas intervenções possíveis em consultório. Além disso, é diferente do conselho de um amigo ou familiar, pois não está pautado somente nos valores pessoais do psicólogo e é norteado pela melhora clínica da pessoa que está em atendimento. Quando alguém do círculo pessoal dá um conselho, não está inscrito em um conselho profissional e o fará em consonância com um código de ética profissional. Além disso, as recomendações feitas na psicologia devem estar embasadas em um arcabouço científico, comprometimento o qual também não é necessário no conselho dado no âmbito pessoal. Por mais que o psicólogo esteja presente ali como pessoa e conte com seu repertório e feeling pessoal, ele sempre irá equilibrá-lo com o embasamento técnico-científico e a ética profissional para fazer uma recomendação com real efeito terapêutico.
Concluindo: os conselhos, dicas, sugestões, recomendações, etc. estão presentes tanto na nossa vida pessoal, como no processo de aconselhamento e também no tratamento psicológico. Cada um desses contextos tem as seus limites e benefícios próprios. O mais importante é identificar quais são suas necessidades atuais e qual tipo de atendimento pode te beneficiar mais nesse momento.